Por Folha.com
O NIH, principal órgão de fomento à pesquisa biomédica dos Estados Unidos, decidiu que vai congelar novos pedidos de financiamento para estudos que usem chimpanzés como cobaias.
A moratória ficará em vigor até que o NIH implemente um conjunto de novas diretrizes éticas, divulgado ontem. As regras devem acabar com pelo menos metade dos 27 estudos desse tipo que ainda envolvem chimpanzés nos EUA, único país do mundo em que a prática ocorre.
O novo documento, produzido pelo IOM (Instituto de Medicina), argumenta que a proximidade evolutiva de chimpanzés e seres humanos tem implicações éticas. O levantamento foi feito a pedido do próprio NIH.
"Nós fomos encarregados de avaliar se as pesquisas com chimpanzés são necessárias, e não apenas se são úteis ou importantes", disse Jeffrey Kahn, líder do comitê do IOM. "Todos estavam cientes de que esses estudos têm um custo moral."
O comitê pede que procedimentos invasivos (como infectar um chimpanzé com um vírus) só sejam permitidos se cumprirem três critérios.
O estudo da doença em questão não pode contar com técnicas alternativas, como teste em ratos; a pesquisa deve ser impossível de conduzir de maneira ética em humanos; e o uso de chimpanzés deve ser crucial para o avanço no tratamento de doenças graves.
A maior parte dos estudos que usa chimpanzés tem como meta a criação de vacinas contra a hepatite C, doença que, além do homem, só infecta esses primatas. Pesquisas para prevenir essa infecção são as únicas com boa chance de se qualificar para usar os macacos.
Mas foi por pouco. Nesse ponto, os cientistas não obtiveram consenso e empataram em 5 a 5 numa votação -metade queria banir também esse tipo de investigação. "Debatemos muito se isso não retardaria o sucesso das pesquisas", diz Warner Greene, outro membro do comitê.
Para muitas doenças, como Aids e malária, os chimpanzés acabaram se mostrando cobaias inadequadas.
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