Por Jornal do Comercio
O final do século XX registra uma revolução que modifica profundamente o teor da vida e da comunicação dos homens. É comparada à introdução do fogo no contexto da vida. A partir dele muda não só a maneira de viver, mas até de comer. O fogo ilumina, aquece, modifica as coisas e as relações.
Agora acontece o mesmo com a informática. Atinge todos os setores da vida. Cria comunidades virtuais. Constitui um sexto continente, que não mais necessita de espaço. Não se situa nalgum lugar. É transversal. Possibilita trabalho, reunião e educação a distância. Dispensa, quase por completo, a matéria prima. Seu conteúdo é o conhecimento. Está no plano da espiritualidade.
Em uma época em que o trânsito se torna caótico, o transporte fica congestionado e os recursos energéticos começam a escassear, surge este novo modo de relacionar-se, de produzir, de conviver. As escolas, desde a universidade até o Ensino Fundamental, elaboram uma educação a distância. Não exigem presença, em sala de aula. Cada um acompanha as lições em casa, sentado, tranquilamente, junto ao computador. Pode dali participar tão, senão mais ativamente, que em sala de aula.
Os escritórios e as firmas não necessitam concentrar a mão de obra – agora entendida não mais como braçal, mas como mental – em um local que exija grandes deslocamentos. As reuniões podem ser realizadas, de modo mais eficiente, ficando cada um em seu próprio escritório, conectado com os parceiros, através da internet.
Reúne, em torno de telas, pessoas distantes milhares de quilômetros. Cada um pode comunicar-se com todos e receber comunicações de qualquer um, do mundo inteiro, consultar bibliotecas e arquivos, sem sair de casa. Podem fazer-se compras, pagar contas, fazer negócios a partir do próprio lar...
A revolução da informática proporciona um novo gênero de vida. A humanidade da era da internet será diferente da humanidade da era das comunicações que a precedeu. Novo relacionamento e novo teor de vida. Mais virtual que real. O mundo da fantasia recebe um incentivo consistente. Transcendemos, de longe, o mundo da natureza, para adentrar um mundo totalmente criado por nós. Agora sim se pode dizer, com toda a propriedade, que o ser humano é mais filho da cultura que da natureza.
À primeira vista a revolução da informática faz tabula rasa de todos os valores humanos até agora em vigor. Surgiria, assim, uma nova humanidade que, eventualmente, se configuraria individualista e subjetivista. Cada um viveria sua vida e constituiria seu próprio futuro, conectando-se livremente com quem queira e, ao mesmo tempo, desconectando-se anonimamente com quem se comunicou. Viveria, em outras palavras, de sua própria fantasia.
Quem assim pensasse, na verdade, estaria fora da realidade. A informática não deve ser vista como um perigo, mas como a grande chance. Em primeiro lugar, o ser humano continua sendo real e não virtual. Encontra-se com outros, que também são reais.
E como reais, têm necessidades primárias a serem satisfeitas: necessidade de comer e morar; necessidade de movimentar-se e de relacionar-se; necessidade de se desenvolver e de amar; necessidade de dormir e de divertir-se; até necessidade de rir e de chorar; necessidade de rezar e de descansar... Em uma palavra, tem necessidade de bens materiais e espirituais. Deve encontrar um sentido para a vida e nutrir sua fé em Deus e na vida eterna.
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